MAM-Portugal: Princípios

O MAM-Portugal foi criado em Janeiro de 2016 com o objectivo de combater e erradicar o especismo e as suas múltiplas intersecções com os demais sistemas de opressão (e.g., sexismo, racismo, capacitismo, xenofobia, heterossexismo, classismo, ageísmo, cissexismo, etnocentrismo, sionismo, capitalismo e imperialismo). Este movimento surgiu no âmbito de uma rede internacional que tem organizado, desde 2012, a Marcha pela Abolição dos Matadouros em diversos países (e.g., Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, EUA, França, Índia, Reino Unido e Suíça).
O MAM-Portugal reúne activistas anti-especistas/anti-carnistas/abolicionistas que, através de diferentes estratégias políticas (e.g., debates, acção directa não-violenta, projecções fotográficas e exibição de documentários), pretendem contribuir para a libertação animal/total, ao mesmo tempo que procuram estabelecer políticas de aliança com outros movimentos sociais. Baseado num compromisso político com a transformação social radical, este movimento encerra os seguintes princípios basilares:

  • Anti-especismo: Enquanto movimento filosófico, político e social, o anti-especismo luta contra a supremacia humana e a consequente subordinação das demais espécies. O MAM-Portugal considera os animais não-humanos como sujeitos de valor intrínseco, que possuem a capacidade de agência e de resistência, reconhecendo as suas subjectividades, interesses e experiências; bem como acolhe o veganismo comprometido como uma praxis importante para pôr fim à instrumentalização dos animais não-humanos e a todas as dimensões do complexo industrial-animal (e.g., alimentação, vestuário, experimentação e entretenimento).
  • Interseccionalidade: Indo além de uma abordagem interseccional antropocêntrica, o MAM-Portugal visa combater o especismo e questionar o modo como este se intersecta actualmente com outros sistemas de opressão (e.g., sexismo, racismo, heterossexismo, capacitismo, classismo e imperialismo), ao mesmo tempo que procura desafiar os múltiplos sistemas de dominação através de políticas de aliança com os demais movimentos sociais.
  • Anti-capitalismo: A emergência da ordem económica capitalista esteve estreitamente relacionada com a manutenção de relações de poder especistas. O capitalismo neoliberal converteu os animais não-humanos em “biomachines” com vista à maximização da produtividade e das receitas. O MAM-Portugal sustenta que a erradicação do especismo e do carnismo deve ir além da mera mudança de padrões de consumo e exigir a abolição do capitalismo enquanto sistema que legitima e perpetua relações de dominação (relativamente aos animais não-humanos).
  • Horizontalidade, autonomia e apoio mútuo: Em oposição à hierarquia, aos princípios do individualismo (neoliberal) e às instituições de autoridade, o MAM-Portugal constitui uma estrutura horizontal que potencia a igualdade, a autonomia e as relações de cooperação, assim como fomenta a capacidade activa (em vez de reactiva). Todxs xs activistas participam, de forma directa, nos processos de tomada de decisão colectiva, na definição de estratégias políticas contra o especismo e na construção de novos modelos de organização social com vista à abolição de todas as formas de opressão contra xs animais humanxs e não-humanxs.

Pela abolição dos matadouros. Pela erradicação do especismo, do carnismo, da exploração (capitalista) dos animais não-humanos. Pelo fim de todas as formas e práticas de injustiça social, opressão e dominação. Pela Libertação Animal/Total!

© Jo-Anne McArthur/We Animals, 2013